sexta-feira, 22 de junho de 2012

De volta nos eixos

Em 1983, em Sabará, interior de Belo-Horizonte, um homem realizava seus fetiches com crianças abandonadas. Neste ambiente hostil, uma criança se destacava por ostentar dotes especialmente generosos, o nome dela era Evaristo. 
Evaristo é proveniente de um terrível acidente ferroviário, envolvendo uma esposa, um trem, seis funcionários e uma idéia de gerar algumas risadas durante o horário de pico. 
Tudo isso aconteceu por volta das cinco horas da tarde, quando o trem partiu de Maracujá, no sudeste paulista. No meio da viagem, Ernesto convenceu seus colegas a empinarem o trem, apenas por diversão. E assim o fizeram, empinaram a ponta do trem e ele descarrilou, derrapou e se chocou contra um pequeno povoado, ocasionando o pior acidente ferroviário da década de 80. Mais de 50 mil pessoas morreram e 230 milhões ficaram gravemente feridas. E até hoje, são encontrados corpos nas ruas de pessoas que morreram. Não necessariamente do acidente, mas por outros motivos variados. Porém, algo pior aconteceu, no meio dos trilhos, uma esposa chamada Laura estava cedendo seu corpo para um jovem que conhecera no mesmo dia. Laura se envolveu tão profundamente que atingiu o orgasmo facilmente, resultando em uma epilepsia tão forte que a fazia estremecer tanto que seu parceiro se assustou sacando seu pênis para fora. De repente, um jato forte de um líquido transparente é jorrado da vulva excitada da esposa. Surpreso com a cena libidinosa, o homem coloca rapidamente suas duas mãos no pescoço da moça e a penetra com fúria. Os olhos dele refletiam sua bestialidade que logo em seguida se transformariam em maçãs. 
No êxtase do coito, o trem passa por cima do casal, espalhando material genético por toda a ferrovia municipal.
Alguns anos mais tarde, Evaristo foi encontrado dentro da barriga de uma viga de ferro, que foi logo socorrida por uma equipe de médicos residentes. Evaristo recebeu este nome em homenagem ao famoso repórter da rede Globo, Evaristo.

 
Evaristo, após o parto
Após seu milagroso nascimento, a criança foi levada para um orfanato, onde um homem de cabelo careca chamado Xico Anysio o ajudou a se comportar como uma crianças feliz. Infelizmente, o coração de Evaristo era pequeno e não suportava muitas mágoas. E em 1999, ele solucionou um caso que comoveu a nação: quem matou Éllen Roche. Após muitas investigações, foi comprovado que Evaristo estava certo e por isso mesmo foi convidado pela ONU a trabalhar no carrocel do Shopping Ver-ão, em São Leopoldo.

Desde 2004, ele vem trabalhando em artigos acadêmicos que se resumem em três parágrafos: Plotter e Abstinência. Seu principal caso amoroso foi com uma empregada doméstica obesa, com quem teve mais de seis filhos e uma neta. Além de avô, Evaristo sempre sonhou em ser avó. 

Por fim, antes de sua morte, em 1993, ele foi eleito prefeito da cidade de Manaus, com mais de 5 habitantes. Seu primeiro feito foi construir uma casa e depois morar nela. Em seguida, se renunciou ao cargo por suspeita de desvio de verba e sonegação de impostos. 
Sua morte veio logo depois, quando em uma visita aos trilhos onde foi parido, um trem acidentalmente cai em cima dele ocasionando sua morte.
Após sua morte, Evaristo foi encaminhado para uma casa de reabilitação, onde conheceu seu  atual ficante.


Fim

sexta-feira, 15 de junho de 2012

As evidências físicas de Nicolau

Todo mundo sabe que não se pode confundir os fatos no momento em que eles são expostos diante de si mesmo. Todo mundo, menos Nicolau.

Sobre os fatos exibidos, ninguém nunca tentou questiona-los. Eles simplesmente existiam e todos se conformavam, afinal, eram fatos.

Ele se chamava Nicolau porque seu pai o apelidara assim em seu aniversário de 14 anos, quando ele o viu nú. NICOLA, em italiano significa NICOLAU.

A Bunda de Nicolau


Sim, Nicolau era transexual e sabia bem como satisfazer um homem.
Continuando a história....




Em maio de dois mil e três, ele convidou uma garota para seu apartamento em Veranópolis, capital do Rio Grande do Norte. Para quem não sabe, Veranópolis é a capital do Sexo prazeroso.
 Nesse ambiente de muito sexo e azaração, Leanina, uma jovem garota de 19 anos, loira, seios fartos, pernas torneadas e pele lisa, sentia-se carente.
Não demorou muito até que fosse estuprada pelo prazer carnal de Veranópolis. Depois desse dia, Leanina nunca mais foi a mesma.

Sesé, amigo de Leanina era casado e possuía seis filhas que juntas eram um só homem de meio metro. Alí. Naquele semestre, todas foram se casar e nunca mais voltara para casa de Sesé.
SEU NOIVO SE CHAMAVA



Gomes



Fato.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Pequena mensagem de texto


Me chamo Vanessa. E eu fiz uma mudança de sexo.

Não é porque gosto de mulheres, ou me sentia como uma, mas porque eu achei que seria algo engraçado para se fazer com a minha vida.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Delírio humano

Em uma manhã fria, ele acordou. Fazia anos que ele não acordava de seu sono que muitos consideravam eterno. 
Sua primeira atitude foi sair da cama e ir até a janela de seu aposento. Diante do vidro embaçado por sua respiração, ele observava solenemente toda a paisagem devastada. Em seguida, seguiu para o banheiro e logo depois, vestiu seu famoso sobretudo preto. Ele sabia que havia muitos deveres, por isso se apressou e foi até a sala de jantar, onde pediu sua refeição.

Algum tempo depois, ele estava caminhando junto de outros e analisando todos os estragos. Alguns corpos decompostos ainda permaneciam no mesmo lugar desde o incidente. Os muros simplesmente não existiam mais e as casas eram apenas pequenas concentrações de escombros. De repente, ele parou em frente de uma porta que estava escancarada no chão. Os outros estavam confusos e apenas observaram ele se abaixando e pegando a maçaneta, como se fosse possível abrir a porta.

E era realmente possível abrir a porta. E atrás dela uma escada em espiral descia até onde os olhos não enxergavam mais. Sem hesitar, todos desceram e o último fechou a porta naturalmente. A penumbra sólida não impedia que eles descessem rapidamente a escada. Em pouco tempo chegaram no chão. Ele tossiu algumas vezes e por fim disse:

- Amim.

Repentinamente, um leve tremor começa e uma luz surge. Os outros procuravam o foco da luz, mas não encontravam de jeito nenhum. Ele prosseguiu.

- Amim, como se sucedeu?

Uma outra voz, rouca e profunda respondeu Ele.

- Colidiram-se. Em busca. Náder. Morte.

O silêncio em seguida tomou posse do local. Ele se tornou tão pesado, que pressionava os ouvidos dos outros. Cada vez mais pesado, até que se tornou palpável. Os outros caíram no chão e alguns perderam a vida. Os que restaram ansiavam a morte, mas permaneceram vivos.

- Entendo. Una sua Ghyelnër. Partirei amanhã ao amanhecer. E não esqueça. Há como sobreviver até o solstício.

- Cain. Impedir. Voltar. Esperança.

- Não, nada de Esperança. Ela irá atrapalhar nossos planos.

- Não. Motivo.

- Façamos o planejado. Não envolva circunstâncias externas. A Esperança é alguém que não se pode confiar na nossa situação. 

- Esperança. Dor. Não.

- Apenas faça. Não espere que ela vá ajudar. Eu a conheço bem. Ela é capaz de confortar, mas também pode iludir até a mim. Não quero que se envolva com ela até que tudo volte ao normal, Amim!

O Silêncio novamente virou palpável e dessa vez matou todos os outros. Ele seguiu para a escada. De volta para seu aposento, a paisagem permanecia morta. A única vida que existia naquele lugar era a Morte. Ele cumprimentou ela e disse:

- Amim irá cair. Prepare-se.

- Como sabes do futuro? Ainda mais do futuro alheio, algo que pertence somente a mim. A morte.

- Não vejo o futuro. Vejo fatos.

Ele seguiu seu caminho, enquanto a Morte ia para a porta da escada.

Não demorou muito para que Ele entrasse em seu aposento. Após completar seu banquete, encaminhou-se para seu leito. Foi até a janela e observou mais uma vez a paisagem da hecatombe.

Ao deitar-se, antes de fechar seus olhos, soltou um suspiro. Ele voltou para seu sono eterno.

Enquanto isso, Amim se envolvia com Esperança. Ao se beijarem, ela lentamente o abraça. Cego, Amim se aventura pelas curvas de Esperança e não nota ela sacar um punhal de sua cintura. Enquanto suas línguas se encontravam, Esperança furou-lhe as costas com o punhal e esboçou um sorriso de escárnio. Mais uma vítima. Ele tinha razão. E a Morte fez seu serviço.

- Pandora, que erro. Que erro.


domingo, 3 de junho de 2012

Mais uma vez, o vazio

Emersom é um jovem comum. Não usa drogas, bebe socialmente, gosta de futebol, de vez em quando joga videogame, faz faculdade de engenharia civil, tira notas medianas, vive com os pais, é filho único.

Certo dia, depois de assistir seu time de futebol perder de 2 a 0 para um adversário qualquer, ele pensou sobre a vida. O que ele fazia aqui?

Seus pensamentos foram interrompidos por um homem de 67 anos que cheirava a melancolia. Ele era alto, usava um suéter preto, uma barba rala e tinha rugas de expressão profundas. Ele fitava Emersom profundamente.

MAS, ANTES DE TUDO ISSO.


Um homem de meia idade conversava consigo mesmo sobre como ele poderia conquistar uma mulher que nunca falara ao vivo. Certamente ele se sentia um imbecil. Mas no fundo de seu coração, ele sentia uma esperança que levemente consumia o resto de felicidade que sentia.


Os três personagens tinham algo em comum. Eles viviam.


mas nada faria sentindo sem uma citação de Caio Fernando de Abril :

Nunca na minha vida fui tão feliz como naquela manhã de outrono. Outrono é uma espécie de cunhado que arromba seu cu e faz dele seu espaço pessoal para conversar consigo mesmo. Obviamente eu estou triste, mas não faço questão de nao admitir que sou um bosta. Eu escrevo porque nao sei mais o que fazer. Na verdade, estou só... PROTELANDO.

Ok,

esse é um post sem explicação, tô só defecando em cima do teclado porque quero fugir desse sentimento que me persegue. Obviamente não é algo muito grande, nem nada. É só um desconforto, uma insegurança. Algo que me consome. É, eu usei essa palavra de mais, só que realmente, ele começa a DEFENESTRAR tudo que resta de algo que não seja dor.



FODA-SE




domingo, 27 de maio de 2012

Charles e a Secadora

Na escola Manuel Duarte Ramos, durante o recreio, a sala da terceira série do ensino médio estava bastante agitada. Miguelzinho brincava com um mesanino no tapete, Cheiso assustava as irmãs com um rolinho, um grupo jogava baralho, e todos em geral encontravam-se razoavelmente felizes, apesar da iminência de uma vida sem sentido para todos. Thomas aproxima-se de Patrícia:
 -Empresta-me um  patins?
 -Ok. Tá ali na mesa.
Ele foi. Só.

Debaixo do assoalho, Mateus tinha encontrado uma senhora, e tentava falar com ela. Mas a mesma havia falecido em 1987. Bate o sinal anunciando dezesseis horas e 43 minutos, quando começa a aula de seicho-no-ie. Os alunos faltantes seriam todos mandados ao chafariz da praça, onde seriam torturados por meio de psicologia inversa. A aula é interrompida por um lençol que chega desavisado. Aproveitando a brecha, os alunos fogem. Mateus e seu amigo Pedro correm alegremente sob o céu azul da primavera, sentindo-se imortais. Infelizmente Pedro viria a se tornar fumante e morreria de câncer aos 48 anos.

A euforia é interrompida quando uma moto surge empinada, e o piloto perde o controle, vindo a bater em uma bacia. Bianca vê aquilo horrorizada, e comenta:
 -Puta que o pariu.
O motoqueiro, indignado, responde:
 -Sim!

Mas o destino não deixaria. Quando o dono de uma peixaria ali perto vem ver o ocorrido, já não há mais ninguém ali.
 -Ah, cara! Nãããão! Filhdo da puta dsauvd hn²/¹n gfsdv
São as suas últimas palavras pelas próximas 2,36 horas, quando finalmente vem um cliente comprar um filé de cação. Em outro ponto do país, um pai bêbado bate na filha e na esposa. O pai chama-se Hideo, a mãe Saoru, a filha Mikuru.


quarta-feira, 23 de maio de 2012

Numa Manhã Fria de Outono

Numa manhã fria de Outono, um homem levantou-se da cama mais cedo porque simplesmente não conseguia voltar a dormir. Foi até a janela e observou da janela a cidade amanhecendo. O imenso alvorecer tingia de laranja os prédios e as poucas árvores que restavam na paisagem. Aquele foi um momento ímpar na vida do homem, que por um momento, sentiu o real sentido da vida. Obviamente, esse instante foi interrompido por um telefone que começou a tocar.

Do outro lado da cidade, um mendigo observava deitado no chão, ainda sobre o efeito do álcool, o céu alaranjado que se esvaía lentamente.  Mesmo ligeiramente debilitado, ele percebeu que havia algo diferente no céu naquela manhã. Mas, antes que pudesse raciocinar o que era exatamente o extraordinário no céu, um policial o afugentou para outro lugar.

Nessa hora, em uma casa de classe média, uma pequena garota levanta para ir à escola. Enquanto espera seu leite esquentar, ela encara admirada o imenso céu alaranjado. Prontamente pegou seu celular e tirou uma foto para compartilhar com seus amigos e foi tomar seu leite.

Naquele dia, ninguém tinha percebido que o céu estava laranja.
Nem os daltônicos.


domingo, 15 de abril de 2012

Gabriel - Sabedor da vida

"Se assoviar fosse um exercício normal, certamente seria ensinado nas escolas."

Esse era o típico pensamento que Gabriel tinha. Ele não era um cara dotado de inteligência, mas era uma pessoa muito legal. Gostava de conversar sobre o que conhecia, mas tinha medo e até um pouco de preguiça de saber coisas novas. Esse foi o principal motivo por ter abandonado a escola na sexta série. E é aqui que começo a história. Seguindo os passos leves e longos de Gabriel, que com seus 11 anos, pensava que poderia ser alguém na vida.

Não demorou muito até a pequena criança chegar ao centro da cidade e se deparar com os enormes prédios que cercavam a cidade cinza e barulhenta. Ele imaginava que seria fácil achar um emprego onde tivesse bastante movimento. E ele, por incrível que pareça, estava certo. No centro das cidades, a demanda por crianças de 5 a 15 anos é bastante alta. Principalmente por meninos.

Sobre a demanda maior por meninos de 5 a 15 anos o PhD. em Antropologia e Pensamento Lógico Social, Professor e Administrador de uma padaria, Luís Antropófago diz o seguinte: Esse mercado negro, conhecido apenas por pessoas que consomem coisas ilegais é desconhecido pela população comum, entretanto, o mercado em si é tão imenso que é gigante. A demanda por crianças varia desde fetiches por crianças até uma companhia para brincar de Lego, como eu já presenciei um caso ja presenciado por mim.
Após Gabriel conseguir um emprego como Domador de Leões, ele sentiu que sua vida iria melhorar rapidamente. Certamente melhorou. Mas até melhorar, ele precisou lutar contra o preconceito de ser uma criança que largou a escola para trabalhar com leões. Leões que por acaso eram cachorros da raça Pastor-Alemão pintados de amarelo com Algodão na cabeça fingindo ser leões.

Aos 19 anos, após abandonar a vida de domador de leões, Gabriel dedicou-se a cultivação de Cogumelos do Sol com um asiático que possuía o nome Diferente. O jovem adorava trabalhar no campo, e por isso demorou cerca de 20 anos para se dar conta que ele estava sofrendo de abusos domésticos de seu dono nipônico. O principal motivo para Gabriel se dar conta foi quando seu pênis havia sido embalado a vácuo pela boca de seu dono. Aquilo já bastava.

Alguns anos mais tarde, Gabriel foi visto andando sem rumo pelo norte do país, apenas carregando consigo a roupa do corpo e alguns milhares de Reais. Dinheiro o qual surgiu de um misterioso envolvimento com a máfia do Peru e um casal de Andrógenos.

Uma entrevista com Gabriel feita pela Rádio Tumpí, da cidade do interior do Maranhão, descobriu o que ele esperava da vida depois de 34 anos vagando errantemente pelo Brasil.

E ele respondeu com uma simples palavra:

Nada.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A Incrível História de Anderson

Em uma noite qualquer, dentro de uma casa qualquer, enquanto via um canal qualquer, um homem qualquer está se masturbando. Enquanto isso, do outro lado da parede, uma criança faz sua lição de casa instigando qual seria o significado da vida e o que motivaria mais as pessoas a aprenderem de forma mais eficiente. Essa criança se chama Anderson, e seu pai Edvaldo.

Após acabar sua reflexão, concluindo seus pensamentos com total êxito e muita coerência, Anderson foi até a cozinha beber um copo de água. Ao passar pela sala, testemunhou seu pai estimulando sua próstata com o dedo médio, de quatro olhando Jornal Nacional. Esta cena marcou a pobre criança que nunca mais foi a mesma.

Alguns anos depois, acostumado a ver seu pai introduzindo coisas em seu próprio ânus, Anderson decidiu que estava na hora de entender o que seu pai sentia enquanto fazia isso.


Foi assim que tudo começou.

O jovem sabia que não era algo que se fazia de uma hora para a outra, por isso, durante um mês começou a fazer toda noite um ritual anal. Começava estimulando o esfíncter, logo em seguida, entrava com um dedo e ao longo dos dias, mais um dedo. Até que conseguia por seu desodorante Axe inteiro, sem esforço. No dia 23 de Abril de 2004, ele finalmente penetrou o consolo de seu pai. Neste momento, sua avó, Dona Leucira, de 84 anos, começou a bater na porta do banheiro avisando que precisava cagar. Anderson ficou desesperado, apertou o esfíncter e acabou ficando tonto. Então, com um movimento de desespero, Anderson bateu com o cotovelo no olho de um carteiro.

- Ai, porra!

- ah, desculpe ai, é que..

- Tá, tudo bem não esquenta.

- Ok, desculpe.

Anderson acordou dentro de um poço de algo que lembrava sêmen.
Obviamente, era sêmen. E ele acabou bebendo um pouco. Não porque queria, mas porque sempre teve curiosidade.

Sem pestanejar, começou a flutuar até o topo do poço, que ficava mais para cima. Quando ele saiu do poço e observou onde estava, sentiu-se mais alegre. Ele estava na Azenha, em Porto Alegre, Rio grande do sul, um lugar muito bonito e cheio de pessoas bonitas e inteligentes, que tem um interesse maior que o comum pelo que é culto e interessante.
Anderson resolveu andar um pouco pela cidade quando foi abordado por um par de meias de nylon. 
 Elas o cumprimentaram e perguntaram o nome dele. Em seguida, se apresentaram e começaram a falar sobre assuntos banais, como a cotação do dólar, o madato da Dilma Rousseff e como a vida é boa e feliz. Foi ai que a conversa pegou no tranco!

Anderson disse que sim, mas também acreditava que o que guiava a vida eram as desgraças. Mas as meias não entenderam, então ele explicou novamente:

- Pensa bem, se a vida fosse 100% feliz, o que seria a felicidade? Todo mundo iria ser feliz, a vida seria totalmente sem razão. As pessoas não teriam motivação para viver porque simplesmente já alcançaram o maior desejo da humanidade: ser feliz. Mas agora, se o mundo tem desgraças, mortes e muita infelicidades, a FELICIDADE é algo que vale a pena correr atrás. A alegria é uma recompensa tão boa que pode-se criar uma motivação para se continuar vivendo, apesar da desgraça que é a vida.

As meias riram da cara de Anderson. Segundo elas, ele era idiota e isso era algo tão obvio que nem se ensinava em escolas. Ele ficou triste. Mas não importava mais.
De repente, um chevette aparece na calçada e atropela Anderson, que é gravemente ferido por um homem com machado que o leva até o HPS na Osvaldo Aranha.
 Anderson se questionava porque ele estava se sentindo ligeiramente estranho, então olhou para seu passado.
A sua vida foi algo como um sopro. Nada mais, nada menos que apenas ilusões, distrações e um pouco de risadas de pênis desenhados na classe da escola.
A escola. Nada marcou tanto em sua vida como a escola.

por que ele sofria tanto naquele ambiente tão amigável?
Aquelas pessoas que ele via diariamente, por que ele se sentia tão intimo delas e ao mesmo tempo tão distante? Obviamente, a vida era algo que ele não sabia explicar, e nem tinha mais condições mentais para isso, ele já tinha esquecido da escola e agora pensava em quinas.
Quinas de mesas, portas, e até gavetas.

Gavetas, isso mesmo.
Gavetas eram engraçadas até meados de 2000, quando ele descobriu que gaveta ao contrário soava Atevag, que lembrava o som que escutou quando caiu da bicicleta e quebrou o ombro. Atevag!

Anderson adormeceu e acordou.

Segundo médicos especializados em proctologia, Anderson havia perdido muio sangue com um derrame causado por um grave rombo em seu cólon. E isso causou a ele uma vida de sofrimentos, que era levemente adocicada por piadas sobre negros e judeus, que lia na internet, após seu horário de almoço.

Anderson nunca mais voltou a estimular sua próstata e nunca mais falou com sua avó, pois ela havia falecido no instante que viu seu neto jazido no chão de seu banheiro com a bunda ensanguentada e um dildo entalado no meio dela.

E o par de meias que ele havia presenciado, não eram meias, eram polainas. Anderson era burro, mesmo.



quinta-feira, 22 de março de 2012

Lala

Pioneiro

O sentimento esquecido

- É a ultima lata, prometo.
- Como assim ultima lata? Eu quero que você pare de beber essa merda agora!
- Eu quero que você cale a boca agora, deixe eu beber, porra!
- Aff, como você consegue ser tão imbecil?
- Aprendi com sua mãe.
- !

Dei mais um longo trago na minha cerveja e depois coloquei na mesa e olhei para frente, onde havia uma prateleira com diversos tipos de destilados. Meus olhos desfocavam e focavam diversas vezes. Eu me sentia alto e um tanto leve. Todo gole que eu dava daquela cerveja, era um passo mais longe da responsabilidade. Minha filha, de 19 anos, tentava me tirar do bar, mas eu realmente não queria. Entretanto, dentro de mim, a sanidade gritava, tão alto quanto minha embriagues.

- Filho da puta! Para de se isolar dos problemas, enfrenta essa merda que nem um homem!

E minha embriagues respondia:
- Não me enche o saco.

Quando olhei para o lado, minha filha já tinha ido embora do bar e quem estava do meu lado, era um vizinho que trabalhava como taxista.
 Levei mais uma vez a lata até minha boca e fechei os olhos. A cerveja descia suavemente por minha garganta. Quando a bebida acabou, me levantei e paguei a conta. Saí do bar e fui até minha casa.

Já era de madrugada, o céu estava limpo e com algumas estrelas.  Ao invés de ir para casa, andei até a pracinha que tinha na esquina. Sentei-me em um balanço e fiquei observando o nada.

O nada. Era parecido com o que eu sentia quando me olhava no espelho. Quando pensava em alguma qualidade minha. Quando sentia aquela dor no peito. O nada.

Era engraçado, eu hoje, com quase 50 anos, ainda sinto o que me matava na adolescência. Mas, em compensação, também sinto o que me fazia continuar vivendo na adolescência.

De repente, me recordei das tardes que passava sozinho em casa. Todo aquele vazio, toda aquela melancolia. Solidão. Repentinamente, uma leve excitação que sentia tomou conta de mim. Era como relembrar os tempos dourados da vida. Não hesitei em exercitar o que não praticava a tempos.
Aproveitei o nada que dominava o recinto e comecei o ritual.

Não lembrava que punheta era tão bom.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Nova Seleção Natural - O que é e como evitar - Por Enrico Pedroso

Sabe quando você está sentado e começa a observar alguma coisa, não importa o que, porque você logo deixa de perceber para onde está olhando e começa a ser sugado por um pensamento terrivelmente possessivo, algo que consome sua razão e qualquer coisa racional que exista em sua mente. Um vácuo se expande dentro de sua cabeça e nada mais parece acontecer ali dentro. Alguns estudiosos chamam isso de distração. Outros ainda vão mais além e afirmam que é um déficit de atenção (DDA); mas na realidade é apenas você tendo um retrocesso mental.

Isso ocorre porque você é inútil.
Vou explicar melhor:

Lembra de Charles Darwin? Não, né?
Enfim, este homem foi um naturalista que criou a teoria da evolução e falou pela primeira vez na SELEÇÃO NATURAL. Isso mesmo, seleção natural. O que é isso?
Bem, imagine que você é um feijão.

Como feijão, você está dentro de um saco de feijões, que está junto de outros sacos de feijões em uma estante, com outros sacos de outras coisas, em um super mercado.
Enfim, a seleção natural é uma pessoa, no caso, digamos que é o Marcio.

O Marcio quer comer uma feijoada, e por isso, vai até o super mercado, se dirige até o corredor de feijões e SELECIONA o seu saco, onde você está, que legal, né?

Então, Marcio selecionou o que ia comer, e qual dos sacos iria comprar.
Mas não é só isso, para isso ter acontecido, ele MATOU as outras opções, como pães e saladas.
E depois que comprou o saco de feijões, ele foi até sua casa, abriu o saco e começou a separar os feijões estragados dos bons. Um por um, Marcio SELECIONOU os feijões. Quando chegou na sua vez, ele simplesmente jogou no chão, porque segundo o julgamento do Marcio, você não estava APTO a ser comido.

Enfim, e isso que a seleção natural faz, descarta coisas inúteis.

Infelizmente, hoje em dia, ela não funciona mais. Não tem como vir Jesus cristo, e matar um por um, porque ele seria morto primeiro. Várias vezes. E até viraria Reality Show na Record.

Pois bem. Era isso que nós acreditávamos, só que a partir de um ocorrido na universidade de Oxford, na Barra da Tijuca, estudiosos começaram a se indagar do que estava acontecendo.

André, um jovem estudante de Engenharia Civil estava executando uma prova quando escreveu "engenharia sivil". Logo depois, ele foi executado.
Sem entender o motivo da execução, seus colegas começaram a rir e o professor observou a cena com repúdio.

De noite, ele se deu conta que André era seu aluno mais brilhante, até aquele dia. Não era possível que ele tenha morrido de uma hora para outra.

No início, o professor havia criado uma teoria de que André fora tele-transportado para uma dimensão onde as pessoas eram felizes sem precisar acreditar cegamente em um ídolo ou ideal. Mas, essa teoria foi quebrada quando o professor se deu conta de que André tinha mesmo morrido.

A partir disso, ele retomou seus estudos, começando pelo peculiar costume do aluno de ter devaneios constantes nas aulas e até quando conversavam com ele. O professor decidiu investigar mais a fundo esses devaneios e descobriu que ele não era capaz disso.


Seu sucessor, Propopol, professor de Desenho técnico da Uniesquina estudou melhor o assunto e se deu conta do que hoje em dia acreditamos ser "a nova seleção natural".

Isso acontece assim: a natureza analisa sua vida 24 horas por dia, e quando você completa 24 anos de vida, a natureza decide se você merece viver ou não. Se sim, você continua. Se não, você não continua.

Os devaneios acontecem sempre que você faz alguma merda. E isso implica em um rápido pane cerebral que ocasiona em uma pequena perda de memória. Se constante, você acaba virando um idiota que escreve "sivil" e outras coisas, como os erros que cometi ao longo do texto. E isso é como um ciclo vicioso: quanto mais você erra e fica idiota, mais você tem pane mental, o que ocasiona em mais falhas e mais panes mentais e mais falhas e amis pnaes mental e chega 24 anos você morre, porque só fez merda.



COMO EVITAR QUE VOCÊ MORRA.
Após a cômica morte do professor Propopol, em 2003, numa festa de calouros, a comunidade científica ficou bastante preocupada com os avanços da nova seleção natural. Em países mais informados, como o China e Koreia do Norte, pessoas que completavam 20 anos ficavam armazenadas em um cilindro de nitrogênio líquido até que completem 25 anos, onde eram soltos novamente.
Felizmente, em 2011, uma pessoa chamada Cardoso descobriu como evirar a Seleção natural de forma eficiente e sem grandes chances de falha:

Segundo Cardoso, se alimentar diariamente de fezes pode ajudar no combate ao devaneio. O que acontece proveniente das merdas que você faz.

Entretanto, se você comer diariamente fezes, o argumento da seleção natural irá falhar, pressupondo que "você é o que você come", a seleção natural não pode fazer nada se você é assim e não é um erro.

UHAUAHUAH HUMANOS WIN.


CHUPA, NOVA SELEÇÃO NATURAL!!!!




terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Cadastro Genital


Thompson tinha poucos amigos. Ele passava maior parte do tempo sozinho, quando em férias passava dias sem sair de casa. Nenhuma razão específica para isso; ele apenas evitava ocasiões sociais. Nas poucas vezes em que saía, voltava para casa não sentindo-se muito à vontade, e passava longos períodos de tempo analisando mentalmente as suas ações (para ter certeza de que não fez nada de estranho na frente dos outros). Com o passar dos anos foi se retraindo cada vez mais, até começar a acreditar que simplesmente não precisava de ninguém. Talvez no fundo quisesse ser alguém popular e bem sucedido, o que o levava a ter um certo ódio de pessoas felizes, e a se sentir bem vendo o sofrimento dos outros (até mesmo daqueles poucos amigos). Era extremamente preguiçoso, e costumava se ver como superior aos outros, ou se auto-diagnosticar com transtornos ou condições mentais diferenciadas. Para se sentir acima. Mas no fundo era um merda. Esse cara sou eu, e esse post é gay. Se você leu até aqui, é porque é idiota e provavelmente tem AIDS.



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

The Old Familiar Pain

Adoro ir no parque nas terças-feiras, depois da faculdade.
Como eu sou um cara que não faz nada além de estudar -e estudar muito mal, diga-se de passagem - eu tenho esse costume de ir no parque passar a tarde. Eu gosto das terças-feiras porque tem pouca gente, e terça para mim sempre foi um dia especial.
E o que eu vou contar agora aconteceu em uma dessas terças-feiras.

Como de costume, eu lia algum livro pseudo intelectual. Acho que era algo do Nietzsche, não lembro. De repente, apareceu uma garota me perguntando se eu sabia em que direção ficava o sebo. Eu indiquei, mas ela não entendeu. No fim, eu me prestei a levar ela até lá. No caminho, enquanto conversava com ela coisas banais que se conversa com estranhos, fui notando sua beleza. Ela não era uma garota comum, possuía cabelos loiros, quase ruivos, pele clara e pequenas sardas no rosto. Seus olhos, grandes e castanhos brilhavam atrás de seu óculos de aros grandes. No primeiro momento que falei com ela, senti um pouco de raiva. "Garota estúpida, escrava da moda. Deve ser tão fútil quando uma Bárbie!" Mas ao longo da conversa, que começou com "nossa, eu sou muito tonta, nunca sei me achar no mapa do google, haha" fui percebendo que ela tinha algo especial. Quando finalmente chagamos ao sebo, eu ia indo embora, quando ela me perguntou se eu queria ajudar ela a escolher um livro. Eu fui. Mas sabia que não deveria criar expectativas com ela. Ela era tão linda, gentil e aparentemente inteligente. Provavelmente também deveria ter um namorado. Ou ao menos um amor secreto.
Recomendei alguns livros famosos e superestimados, mas ela já conhecia e até falava mal de alguns. Fiquei surpreso.

Acabou que nós viramos amigos.
Mas só amigos.

Eu já sabia que isso poderia acontecer, por isso nem tentei nada com ela. Eu poderia muito bem tentar conquistar ela, e falhar porcamente. Portanto, escolhi ficar na minha zona de conforto e não tentar. Ao menos teria o prazer de conviver com uma garota tão especial, nem que seja só como um amigo distante.

O tempo foi passando e eu comecei a ficar deprimido. Eu estava realmente apaixonado por ela. E ela, me considerava um grande amigo. Eu achava, porque na verdade, nunca me declarei para ela. Nem queria, eu sabia muito bem o que estava acontecendo. Eu estava na zona da amizade. Havia entrado a muito tempo, e estava tão perdido lá dentro que não conseguia mais ver mais a saída.
Foi mais ou menos nesta época que eu fiquei sabendo de um namoradinho dela. Já havia algum tempo que eles estavam ficando e quando eu descobri, senti meu coração dar o último pulsar. Aquela sensação de impotência e ao mesmo tempo uma dor tão grande e áspera que subia minha garganta me pôs a fazer algo que eu não fazia a muito tempo: chorar.

Por alguns dias, não sabia o que fazer. Me sentia a pessoa mais infeliz do mundo. O pior tipo de pessoa, aquele que simplesmente vive. Eu não tinha ânimo para mais nada. Ir para a faculdade se tornou pior do que costumava ser. Viver era tão cansativo. Isso tinha deixado de ser por causa de uma garota há muito tempo. Agora era uma questão pessoal. Eu continuava desanimado não mais por ela conseguir um namoradinho, mas sim porque eu nunca teria alguém para me apoiar, como ela devia fazer com o seu novo acompanhante. Era insuportável essa sensação de que simplesmente as coisas nunca serão felizes.
As vezes, eu olhava para mim no espelho e começava a chorar. Eu não gostava de ser essa pessoa. Eu era magro, fraco, feio e sem nenhuma qualidade, só alguém que custava a morrer.
De vez em quando eu conseguia parar de reclamar e pensar: "Ok, para de choramingar. Vamos levantar, isso tá começando a ficar irritante." Começava a pensar que eu não precisava de ninguém para ser feliz. Apenas eu e eu mesmo.
Mas depois de algum tempo, sentia uma coisa incômoda. Uma pressão na barriga, como se fosse um vácuo sugando meu estômago. Sentia vontade de abraçar alguém. Mas eu era só. Costumava, então, me abraçar.

Ao longo do tempo, fui me ocupando com outras coisas. Percebi que se eu mantivesse minha cabeça ocupada, não sentiria tanta dor. Então decidi me dedicar totalmente aos estudos.
Infelizmente, minhas notas melhoraram muito pouco. Mas continuei levando.

Enfim, certo dia, ela apareceu no MSN e simplesmente disse "Oi".
Acho que para uma pessoa normal, não é algo tão impactante, mas para mim foi como se eu levasse um tiro no meio do coração. Meus olhos se arregalaram, ao mesmo tempo, meu coração apertou, minha barriga foi sugada por uma força incrivelmente forte e eu senti todas as partes de meu corpo, como se uma carga elétrica corresse por mim.  Eu respondi com "Oi, tudo bom?"
A conversa correu normal até que ela disse: "sinto muito sua falta, por onde você tem andado?"
Era muita adrenalina correndo em meu corpo. Como assim ela sente a falta de alguém tão insignificante como eu? Por que ela sente a falta de mim quando tem um namorado? O que ela quer de mim? Será que ela sabe que eu gosto dela? É isso, ela quer me ver mal, ela quer que eu sofra! Vadia, eu sabia que ela era uma vagabunda...
Eu estava enganado. Ela simplesmente queria companhia. O namorado tinha acabado de trocar ela por outra vagabunda.

Eu não pude acreditar.
Na verdade, nunca entendi esse tipo de gente. Quem, em sã consciência podia trair uma namorada?
Ainda mais alguém como ela? Filhos da puta, enquanto eu morro sozinho, eles comem duas, três e até quatro mulheres diferentes!

Depois desse dia, nós voltamos a conversar diariamente.
Eu me sentia feliz, animado. Mas não deixava de sentir aquela familiar dor. Aquele vácuo no estômago.

Por incrível que pareça, consegui marcar um "encontro" com ela.
Nada muito especial, apenas um encontro no mesmo parque que nós nos conhecemos.
Praticamente na mesma hora, e no mesmo lugar.

Como de costume, cheguei antes. Muito antes. Fiquei esperando, esperando e esperando. Quando chegou a hora marcada, achei que ela não iria vir. Mas ela veio.
Fiquei muito nervoso. Mas consegui enganar.
Nós ficamos em baixo de uma árvore conversando por algumas horas.
Eu sabia, era aquela hora, era naquele dia.
Uma terça-feira!
Eu precisava me declarar para ela. Eu pensava em como fazer isso e como eu ficaria puto comigo mesmo se falhasse. Pensava tanto que quase não aproveitei a presença dela.
Algum tempo depois, ela foi embora.
Nos despedimos com um atrapalhado beijinho na bochecha. Eu sempre odiei despedidas. Nunca soube como proceder.

E como eu previ, fiquei mesmo me odiando durante a semana toda.
"Deveria ter dito tudo, deveria ter falado, pelo menos eu me livraria desse fardo que é ter esse amor platônico". Mas eu simplesmente não tinha falado. Eu era um idiota. E estava tendo outra recaída.

Na outra semana, ela me convidou para ir em uma festa que ela estava preparando. Segundo ela, iriam vários amigos e amigas dela, e eu, como amigo, deveria ir.
Pensei muito em não ir.
Odeio festas, odeio qualquer pessoa, eu me odeio!!!
Mas havia uma pitada de esperança.
Eu pensei que se eu fosse, eu possivelmente iria conseguir uma chance de beijar ela. Principalmente se ela estiver alcoolizada.
Demorei uma semana para me decidir se iria ou não. Três dias antes, eu confirmei minha presença. Mas no dia da festa, foi mais difícil do que imaginei ir na festa.
Eu estava sozinho, e só conhecia ela no lugar.
De algum modo, juntei toda a minha força de vontade que restava dentro de minha alma e fui até a festa.
Chegando lá, me deparei com uma casa com cerca de 15 pessoas. Todas muito bonitas, felizes e entusiasmadas com a ocasião.
Eu não sou muito acostumado com esse tipo de evento social. Na época que meus colegas da escola começavam a descobrir o mundo, eu preferia ficar em casa, jogando video-game e desenhando historinhas em quadrinhos. Isso se prolongou até os últimos dias do ensino médio, quando alguns amigos me obrigaram a ir com eles em uma festa qualquer.

A noite estava muito agradável fora da casa. O céu estava estrelado e a lua crescente estava tão brilhante que fazia um lindo reflexo na piscina da casa. A música empolgava os convidados e ela. Quando, de repente alguém cutuca meu ombro e diz: "cara, essa festa tá muito looooca! Vamo beber mais, caraaaa!" Era um conhecido dela. Eu já tinha ouvido falar dele, era um ex-colega que todo mundo gostava. Um cara animado e super amigo, todos adoravam ele. E eu achava que ela também deveria gostar dele.
Eu recusei a bebida. Não bebia. Achava que o álcool era um escapismo desnecessário na vida. E acreditava que se eu fosse fugir de algo, fugiria da maneira mais drástica possível: suicídio. Era um pensamento idiota, principalmente vindo de mim, que tinha medo de se declarar para uma menininha. Esse tipo de coisa me deixava mais desanimado. Por isso, tentava evitar. (Escapismo, sem álcool.)

Ao longo da festa, as pessoas se reuniram e me chamaram para participar de um jogo. Eu não conhecia. Eles ficaram surpresos e disseram que se chamava "verdade ou consequência". Depois de me explicar superficialmente o jogo, começaram. E eu estava jogando.

Nas primeiras rodadas, fiquei impressionado com o nível do jogo. Dois garotos beijaram ao mesmo tempo uma colega. Logo depois, ela beijou uma outra amiga e por fim, ela beijou um outro garoto. Além disso, eles perguntavam coisas íntimas e realmente chocantes. Descobri que aquele colega que me convidou para beber já havia bebido o próprio sêmen. E Ela admitiu já ter feito anal.
Sim, ela.
Neste momento, eu tive uma epifania terrível.
Reparei que ela era muito diferente de mim. Ela já tinha passado por mais experiências que eu, que por acaso era mais velho que ela. Além disso, ela era social. Gostava de festas e conhecer pessoas novas. Foi exatamente por isso que nós nos conhecemos. Como eu era inocente. Fiquei realmente aliviado por não ter me declarado para ela naquele dia. Ela obviamente não iria querer nada comigo. Eu era um anti-social que nunca tinha vivido. Ela, era uma garota perfeita, que conhecia a vida.

Enquanto eu pensava nisso, o jogo rolava. Eu respondia coisas que perguntavam e deixei todos surpresos quando disse que era virgem. Ninguém acredita quando eu digo isso. As vezes gosto de ver a reação das pessoas, mas especialmente naquela ocasião, nunca me doeu tanto dizer que era virgem. Isso porque simplesmente confirmava a minha epifania: eu nunca tinha vivido.
Depois de dizer isso, o jogo tinha perdido a graça quando caía em mim.
Até que um garoto sugeriu que eu beijasse ela.

Eu fiquei petrificado.
Beijar ela?
Assim... tão fácil?
Ah, obviamente ela iria recusar.
"Ok.." ela disse.

Eu não sabia como agir. Fiquei imóvel, atônito. Olhava para as pessoas ao meu redor.
Cheguei a recusar. "Não, magina, ela não quer, gente". Mas me empurraram.

Eu desajeitadamente toquei meus lábios nos dela.
Foi a sensação mais especial que senti na vida. Os lábios úmidos dela eram tão macios. Eu não sabia como beijar. Fiquei nervoso e não consegui aproveitar. Logo acabou o beijo.
Voltei para meu lugar e fiquei muito nervoso. As pessoas riam ao meu redor e berravam coisas como "é isso aí, cara!!", "Tá certo, meu!", "Hii, essa noite vai!".
Olhei para ela e vi ela fazendo uma expressão que para mim significou: "é, ele não beija bem, mas fiz o que estava no meu alcance.".

O momento que era para ser o mais feliz da minha vida foi um dos piores de suportar.
Uma lágrima ameaçava escapar de meus olhos, mas eu segurei. Senti aquele vácuo no estômago.
Eu queria morrer.

A festa durou mais algum tempo e o pessoal começou a ir embora. Então aproveitei para ir junto.
Me despedi de qualquer jeito das pessoas e quando olhei para ela, não sabia como agir.
Ela veio e me abraçou. Agradeceu por eu ter vindo e sorriu.
Eu fiquei totalmente sem jeito. E dei um sorriso forçado. Meu estômago era consumido por aquela dor familiar.

Decidi voltar a pé para casa.
Não era muito longe, mas de qualquer forma, queria pensar um pouco em tudo que aconteceu.
Me sentia mal, mas aquele sorriso que ela deu quando se despediu de mim podia significar algo.
Eu queria acreditar.

Ficamos sem nos falar durante alguns dias.
Quando nos falamos novamente, marcamos de nos reencontrar com a desculpa que eu ia emprestar para ela o polêmico livro "Lolita" de Vladimir Nabokov. Ela não conhecia!
Quando nos vimos, senti uma forte emoção. Era uma coisa boa, desta vez. Uma esperança que corria pelas minhas veias. Ela disse "oi" e nós começamos a falar.
O assunto começou sobre o livro, falei sobre o que era e ela se mostrou interessada. O papo foi se inclinando para uma coisa mais estranha e acabou que nós relembramos quando nos beijamos na festa.
"É AGORA OU NUNCA, PORRA!"
Não lembro o que eu disse, mas provavelmente foi algo assim ou pior que isso: "Blá, blá, quero relembrar" e eu a beijei.
Desta vez, com confiança. Eu tinha lido na internet como se beijava e estava um pouco mais firme.
Segurei a cintura dela e acariciei seus cabelos meio ruivos. Fui descendo minha mão até a bunda dela. Eu havia tocado pela primeira vez em uma bunda feminina. Admito que fiquei realmente excitado.
Aquele era o dia mais feliz da minha vida!
Após nos beijarmos, ela olhou para mim e sorriu.
Foi o sorriso mais lindo que eu vi em toda minha vida. E eu, não sabia o que fazer. Apenas abracei ela.. com todas as minhas forças. Ela era pequenininha e cheirava a perfume doce.

Depois deste dia, nos encontramos mais vezes. Três meses depois, começamos a namorar.
Eu finalmente tinha uma namorada e isso implicava em sexo.
Eu tinha perdido a virgindade com a garota mais linda que eu conhecia. Eu não conseguia acreditar que eu consegui conquistar alguém tão especial como ela. Era tudo tão perfeito, ela era tão atenciosa, tão gentil e ao mesmo tempo tão divertida, alegre..
Mas no fundo, eu me sentia mal. Não conseguia me sentir digno de alguém como ela.
Era terrível.
Eu tentava simplesmente esquecer essa minha idiotice, eu tentava viver normalmente. Mas este pensamento sempre voltava.
Ela queria ir em alguma festa, eu não queria ir. Ela insistia, eu ia. Mas não me sentia bem. Fazia por ela, mas não me aceitava como um bom namorado. Eu me odiava. E ela me amava, isso não era justo. Eu não era capaz de suprir as necessidades dela. Provavelmente nem sei fazer sexo direito!
Esse pensamento idiota me consumia todos os dias. Até que não aguentei mais.
Ela merecia alguém que suprisse as necessidades dela. Alguém que completava ela. Alguém digno.
E esse alguém não era eu. Eu não era o suficiente para ela.
Decidi acabar o namoro.

Essa foi a decisão mais dolorosa que tomei na minha vida. Eu ia sofrer, mas era para o bem dela.
Na minha cabeça, fazia todo o sentido do mundo.
Quando falei para ela, ela não acreditou. Chorou, gritou.
Mas foi em vão, eu estava certo de meu pensamento. Acreditava que era o melhor a se fazer. Mas ela não aceitou.

Obviamente eu expliquei o que eu pensava, ou pelo menos eu tentei. Mas não adiantou. Então me afastei dela. Fiquei longos dias em casa, trancado. Sabia que eu ia ter um forte arrependimento. Chorar não era mais o suficiente. Pensei em suicídio tantas vezes que precisei tomar vários remédios. Enquanto isso, o telefone tocava. Provavelmente era ela tentando conversar. Eu não atendia.
Até que certo dia, eu atendi.
Mas não era ela.

Era a mãe dela.
Sua voz estava trêmula.
"Ela faleceu ontem a noite. O funeral vai ser hoje a noite, ela ficaria muito contente que você fosse".

Em toda minha vida, toda a dor que eu sentia, não importa qual fosse; dente com cárie, braço quebrado, ou amor platônico, nada doeu tanto quando ouvir essa frase. Eu não podia acreditar que ela simplesmente havia morrido. Mas eu não chorei. Simplesmente fiquei imóvel no telefone. Tentei falar alguma coisa, mas a mãe dela continuou. "Vai começar as 18horas. Agora preciso ligar para outras pessoas, desculpe. Até logo".
Desliguei o telefone e sentei no sofá da sala olhando para o nada. tentando entender o que aconteceu. Levantei e fui até a casa dela.

Quando cheguei lá, o pai dela me explicou.
Depois que EU tinha acabado o namoro, ela tentou me ligar, realmente. Após ver que eu não ia antender, ela foi tentar falar comigo pessoalmente. Infelizmente, no caminho, um carro atropelou ela.

Simplesmente isso.
Eu era o culpado.

Não lembro o que eu disse, apenas de meus olhos se encherem de lágrimas e meu lábio estremecer. Não sentia nada. Não havia mais nenhum vácuo, nenhuma carga elétrica, nenhuma batida de coração forte. Apenas o vazio.
Eu tinha perdido a garota da minha vida. E a culpa foi minha.
A minha falta de confiança em mim mesmo matou ela.


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Rascunhos não publicados

Há quem diga que o que não é evidente é sempre mais comovente.
Seguindo essa linha de raciocínio, resolvi publicar as postagens que nunca foram publicadas. Largadas no esquecimento deste blog como rascunhos. Quase todas postagens estão inacabadas por diversos motivos, alguns simplesmente por falta de paciência ou por carência de criatividade. Seja como for, espero que abstraiam do final físico e encontrem um final por si próprio, a final, o autor tem preguiça de o fazer.


Claustrofobia social
Todos aparentavam serem iguais. Sempre com dois braços, duas pernas, dois olhos, duas faces. Ninguém era quem realmente parecia. Eles eram feios e falsos. Olhar nos olhos destes seres era como trocar de sentimentos com o vazio.
Pietro era a encarnação da inocência. Sua família era pequena, formada apenas por sua mãe e seu irmão mais novo. O resto simplesmente desapareceu nas dunas do esquecimento. O garoto acreditava nos Sentimentos, uma espécie de heróis que salvava o mundo, nas histórias que sua mãe contava para ele antes de dormir.
Certo dia, Pietro foi para a escola atrasado e acabou perdendo o ônibus. Então, decidiu esperar o próximo. Enquanto aguardava, ele observou as pessoas que o cercavam. Havia uma senhora que vestia um manto que cobria seu rosto, dando para ver apenas seus olhos. O resto de sua roupa cobria todo o corpo. O garoto observou atentamente todos os detalhes da senhora e encarou os olhos dela.
- O que foi? Ela indagou solenemente.
A senhora está com frio? Perguntou inocentemente.
A senhora, simplesmente ignorou a pergunta e fez sinal para o ônibus que se aproximava.
Pietro foi atropelado por um homem imbreagado e faleceu na hora.

Sem Título
Havia uma época em que um jovem garoto vivia sua pré-adolescência com tristeza e ao mesmo tempo, rindo.

Me dê um motivo para não ir

A maldita vontade de permanecer neste mundo é tão insistente que preciso me conter para não morrer sem querer. Já dizia um grande filósofo cujo nome permanece intacto, mesmo após milênios: Aristóteles; "Toda a coisa necessária é por natureza aborrecida.". Viver é necessário?
Me contradizer é tão fácil como não me contradizer, só que é mais corriqueiro. Enfim, odeio ter que pedir ajuda para as pessoas quando preciso de ajuda, mas acho que não há escolha. Preciso de ajuda.

Tudo começou algum tempo atrás. Como tudo na vida, nada pode ser desfeito. Muito menos quando outro indivíduo é envolvido. Esse envolvido foi um conhecido meu, ele se chamava Ítalo. Ele era adepto aos costumes de consumir drogas em parques à noite. Eu, como um bom cidadão, denunciei ele e seus companheiros. então eu morri,.

Lery o meni

Existem dentro de cada um de nós diversos métodos de auto-preservação.
Um dos quais é o bloqueio, que impede algo de inesperado aconteça. Infelizmente, nenhuma pessoa viva teve a capacidade de testemunhar tamanha divindade cujo nome não será citado.
Entretanto, através de diversos estudos e pensamentos teóricos sobre o assunto, um Designer francês, chamado Fló - mundialmente conhecido pelo projeto de uma privada funcional que nunca ficava riscada de fezes - recriou a imagem, de exata semelhança com um potre. Este marco na história de todo o país ficaria marcado por ser exatamente um marco na história de todo o país.

Consolidando o tempo como uma arma

Obstruir a passagem de ar de uma senhora de setenta e quatro anos de idade era algo que pertencia ao cotidiano de Pedro. Nunca em sua vida a morte o incomodou. Pelo contrário, ele sempre achava alguma forma de se aproximar dela. Quanto mais próximo do eterno descanso, melhor.
Tudo começou aos 11 anos, quando foi atravessar uma avenida desprevenido e quase foi atropelado por um ônibus. A partir desse dia, sua vida não seria a mesma.
Após algum tempo, começou a sentir um grande desejo por perfurar, amassar, dilacerar e arrancar fora seu pênis. Era uma vontade distinta, lhe proporcionava prazer e muita satisfação. Começou com um palito de dente, entrando em sua uretra de maneira suave e praticamente natural. Mas algum tempo depois, o palito de dente não era o suficiente, era preciso algo mais grosso, e mais longo. Os objetos foram alternando, até que no dia 22 de Outubro de 2008, Pedro foi internado no hospital das clínicas de São Paulo para uma cirurgia. Uma chave de fenda havia perfurado seu pênis.
Pedro é um exemplo de pessoa que não era feliz com sua vida. Entretanto, o suicídio era algo que poderia acontecer a qualquer momento, exatamente por isso, não fazia sentido acabar com a vida de uma vez. Ao longo de sua adolescência, percebeu que a vida poderia proporcionar sentimentos e sensações magníficas, se fossem buscadas através de diferentes tipos de ações e métodos. Essa era sua unica motivação para permanecer neste mundo.

Sem título

Me sentei sem roupa na cadeira. Alcancei o notebook e comecei a teclar sobre meu dia. Mas de repente uma coruja apareceu na janela da sala. Fiquei observando o animal majestoso até que o mesmo projeta seu olhar para mim e começa a falar:
- Nada disso que você está presenciando é real.

Neste instante meu coração parou. A voz solene e áspera da ave simplesmente me deixou em estado de choque. Ela prosseguiu.
- Exatamente por isso, sou irreal. Entretanto, tenho o dom de pensar, o que anula minha afirmação anterior. Se penso, logo existo. Intrigante, não?

O que ela dizia fazia muito sentido, a pesar de não fazer sentido.

- Enfim, me chamo Ënyú'd. Sou uma coruja e tenho 108 anos.

Finalmente, recuperei meus sentidos mentais.
- Olá, me chamo Bernardo, sou uma pessoas que tem 45 anos.
- Eu sei muito bem quem você é. Todo dia fico vendo você. Desde o dia de seu nascimento; na verdade, foi por isso que sigo você: te sigo porque é engraçado.
- Como assim?
- Eu não tenho nada para fazer, descobri que sou imortal, logo, passo o tempo acompanhando as pessoas vivendo.
- Nossa, mas e por que você apareceu hoje para mim?
- Porque você está pelado escrevendo em seu diário.

A partir deste momento, não lembro de mais nenhum detalhe. As lembranças seguintes foram alguns dias depois, quando acordei, ainda nu, em um viaduto; onde seis garotos de rua se masturbavam com minha imagem. Apesar disso, estava bem. Quando voltei para casa, notei que o mundo havia acabado. Tudo que existia simplesmente se tornou pó e o que restou exalava um cheiro de beiço. Beiço era algo parecido com o que você tem na boca, só que misturado com sêmen e um pouco de amor e carinho, geralmente entre dois sexos distintos, mas há indícios de sexos iguais, também.

Mais tarde, fui procurar comida. Adentrei a selva de concreto com cheiro de beiço. Tudo parecia morto. Prédios quebrados, ruas rachadas e escuras. Eu estava sozinho. E aquelas crianças também.
Pedofilia.

Sem título

Aquela tragada de vodka desceu bem. Fazia tempo que eu não bebia. O motivo pelo qual voltei a beber foi ter reencontrado ela. Ela, no caso é Raquel.
Raquel foi o amor de minha vida; mas não era uma mulher, era uma subespécie de jacaré com algumas modificações genéticas.

Epifanias

Oscar tinha criado expectativas
tinha caído na ilusão
é idiota e bundão
Não precisa de justificativas

O dia em que o homem nasceu boi

Felipe era um estagiário feliz. Construia casas e fabricava pessoas em vidros. Sua vida era bastante rotineira e rítmica, uma vez que ele desenvolveu um toque nervoso que o tornava bastante repetitivo em um período de tempo de trinta segundos.
Um dia, Felipe havia se deparado com um assassinato em frente a uma delegacia. Ele achou engraçado porque a vítima havia sido esfaqueada no rosto e no reto. Ao se aproximar do defunto, o estagiário vomitou em cima. Algumas pessoas que estavam observando se puseram a rir. Um senhor, de 76 anos ficou indignado com o comportamento inadequado de Felipe e o reprimiu por seus atos imorais.

Sem Título
Teo gostava de pitangas. E um dia decidiu adquirir uma caixa delas. Caminhou até o mercado e comprou. Na hora de pagar notou que estava sendo observado por seis homens que estavam sem as pernas. Ele começou a rir incessantemente e correu até o estacionamento.

Sem Título
Eu nasci de uma sensação proveniente de um olhar furtivo. Algo que não foi recíproco propositalmente. Eu não esperava existir naquele momento, contudo simplesmente fui evocado. Em função disso, consumi tudo ao meu redor. Evidentemente, estraguei a vida de milhares de pensamentos e vontades. Sou uma existência bastarda. 


Acabou.








quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A verdade absoluta

Era mais uma manhã monótona para Renato. Após terminar seu turno como recepcionista do hotel, foi para casa, como sempre. No caminho, entretanto, se deparou com uma pequena imagem que apareceu em seu pensamento, sem motivo aparente.
Enquanto caminhava em direção ao ponto de ônibus, ele observava a imagem em sua mente. Ele nunca tinha visto algo assim, e nunca pensara em algo do gênero, como é que aquilo surgiu em sua mente? Ele pensava.
A imagem, distorcida e com cores vivas que transmitia uma emoção tão intensa era ao mesmo tempo sutil e frágil.  Renato parou de caminhar e, com um olhar perplexo, fitava o horizonte.
A imagem era tão chocante que ele se deu conta que toda sua vida era algo insignificante. Durante alguns segundos Renato se sentiu como se a razão de todo o universo tivesse se concentrado diante de seus olhos e exposto a verdade eterna apenas para ele.
Toda essa massa de verdade se acumulou sobre sua cabeça, o forçando a ficar de joelhos e em seguida de quatro. Ele sentia todo o mundo a sua volta.
Era um sentimento único.

Renato esboçou um sorriso que foi manchado por um risco de saliva que escorria pelo canto de sua boca.
A saliva foi escorrendo cada vez com maior intensidade, até que de repente ela começou a se esbranquiçar e tomar toda a boca do homem.
Neste instante, ele inclinou sua cabeça para o lado, ainda sorrindo e com os olhos vazios e sem expressão.

A verdade absoluta que havia surgido daquela surpreendente imagem agora forçava Renato a se deitar, em função da pressão que é exercida sobre ele.
De repente, tudo pára. Renato se torna a pessoa mais pura e sábia de todo o universo. Para ele, todos os problemas da humanidade são apenas pequenos impasses.

Entretanto, uma pressão em sua cabeça, abre sua boca e agarra sua língua.
O que é isso? Pensou ele.
Sua língua de repente é puxada com muita força para fora de sua boca enquanto a mesma é aberta a força.
Só pode ser Deus querendo extrair a verdade de mim. Deduziu.
Neste momento, sua língua estava quase sendo arrancada fora.
DEUS, SEU MISERÁVEL, ME PROPORCIONA ESTA DÁDIVA E LOGO EM SEGUIDA QUER RETIRAR DE MIM? SEU...
Uma foça chocante e sobrenatural invade o corpo de Renato. Essa energia é tão forte que todos seus músculos enrijecem. E seus olhos fecham como se sua vida fosse sair por eles.

Ao abrir os olhos, uma luz ofuscante cega Renato por um instante.
Devo ter morrido, imaginou.
Ao recuperar sua visão, notou estar em uma sala de hospital.
Ao seu lado, sua mulher, Renata, está dormindo.
Ele a acorda e pergunta o que aconteceu.
A mulher, surpresa com a cena, se projeta em cima de seu marido e começa a chorar.
"Você sofreu um ataque de epilepsia".

E por um instante, Renato entendeu tudo.
Ele não tinha atingido o Nirvana, nem muito menos soube a verdade absoluta.