quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Por que você continua?

Estive aqui todo o verão. De frente ao computador, sempre acompanhado do álcool e de cigarro. Cinzeiros para mim são que nem papel higiênico: instrumentos. Obviamente, o que quero falar não é sobre isso. Quero falar sobre como eu vim parar aqui e porque eu admito que fracassei na vida.

Tudo começou quando eu estava no ensino médio. Ahh, escola... nada como relembrar os momentos que mais sofri diante de um papel. As provas, os trabalhos, apresentações. Eu queria morrer. Não só morrer, mas matar todo mundo, também. Principalmente as garotas. Nada contra o sexo feminino, claro. Adoro mulheres; mas nada era tão doloroso quanto observar a minha maior paixão me ignorando.
É engraçado como sentimentos guiam nossas vidas. Tenho um primo que começou a curçar a faculdade de medicina em uma faculdade federal simplesmente porque era seu sonho. Sim, sentimentos. Se eu fosse um leopardo, sentiria vontade de matar, e mataria. Sem dó. Sem piedade. Apenas iria matar. Se eu fosse a presa de um leopardo, meu sentimento seria de sobreviver. Infelizmente, sou um humano, e meu sentimento era amor. Eu amava uma garota que era um ano mais jovem que eu. Enfim, eu me declarei pra ela e ela simplesmente riu de mim e nunca mais falou comigo. Desde então, comecei a odiar todos. Nada podia se fazer enquanto eu era um revoltado. Mas se a coisa fosse só isso, eu seria alguém na vida. Mas após o pé na bunda que tomei, fui andando para casa. Matei aula aquele dia, não tava nem ai. De repente, um tremor de terra me fez perder o equilíbrio e cair no chão. Um soldado do exército se aproximou de mim e me ajudou. Fiquei contente, até o momento que ele me levou a uma tenda onde ele tirou sua roupa e me mostrou seu infeliz dote. Ele não tinha pênis, era algo pior, era uma mão em forma de raquete de tênis. Tudo que ele dizia naquele momento era "Tropiuca, tropiuca." Fiquei muito assustado, por isso, saí da tenda - pelado - e fui condenado a 2 anos de prisão por atentado ao pudor.

Após 2 anos sofrendo assédio moral, fui libertado. Mas o soldado que me ajudou no tremor de terra estava me aguardando na portaria da penitenciária. Quem era ele? Eu nunca soube, porque assim que o vi, matei.

Juntei três pedras do chão e joguei contra o militar. Ele morreu na hotra.
A horta tinha pequenas vagens e alguns legumes. Os quais foram plantados por Lenon. Um Senhor de idade que possuía seis filhos e uma muça.
A muça correu atrás de mim e me penetrou com seu Álíbi. E fui detido.
Após o sério problema que ocorreu em frente a penitenciária, fui preso novamente. Desta vez, seria por 12 anos.

Tive sorte porque fiquei em uma cela onde um retardado mental dormia. Ele era legal, e de vez em quando deixava eu comer o cu dele. Apesar de toda a alegria, eu tinha um inimigo: o horário de almoço.
Eram 40 minutos para almoçar em um refeitório cheio de homens musculosos e com tatuágens de pênis feitos a mão. Mas todos achavam que significava "Heterofilismo" - que é algo bacana, segundo eles.
Os quarenta minutos de almoço serviam para nada. A fila para pegar a comida demorava cerca de 15 minutos, até achar um lugar para sentar mais 10, até chegar lá, mais 10, já se passaram 35 minutos. Quando você termina de fazer as contas para ver quanto tempo resta, não resta.

Toda sua comida é jogada fora e você é levado gentilmente para sua cela.

Enfim, depois que saí da prisão, pela segunda vez, conheci uma mulher chamada Enia. Ela era muito atraente e possuia seios que não cabiam e minha mão. Era lindo. Mas nunca os toquei, porque ela simplesmente usou meu nome como exemplo em uma dissertação para a conclusão de mestrado.

Mestrado.. quem é que precisa disso?

Enfim, depois de tudo isso, consegui meu primeiro emprego. Aos 45 anos, eu trabalhava como vendedor de chip da Claro, no centro de Porto Alegre. Era simples, e tudo que eu precisava dizer era "CHIPE DA CLARO POR CINCO REAIS, SEM BONUS". Meu primeiro emprego durou uma tarde, e depois desisti. Hoje vivo em uma ONG que cuida de pessoas com problemas de oratória e dicção, e exageram nos fatos.

domingo, 9 de outubro de 2011

Random

Caetano estava bêbado. Sentado num canto, olhando para o chão, sorria sozinho. Roberta passou por ele, lançou-lhe um olhar distraído e continuou andando. Desde que sua mãe morrera, Caetano bebia muito. Quando bebia era mais extrovertido, aberto, mas no fundo estava a anos-luz de distância de se conectar de verdade com alguém. E dessa vez ele tinha exagerado.

"Cara, vamos embora, tu tá muito mal." Era André, seu melhor amigo. "Tá", Caetano respondeu. Estavam na festa de aniversário do Pereira, e depois de se despedir de várias pessoas q Caetano não lembrava quem eram, partiram. Foram a pé, já que a noite estava bonita e a distância era de meros 19 quilômetros. Mal sabiam, mas naquela noite os dois rapazes se tornariam homens.

De longe, Roberta observa-os indo embora com fingida indiferença. Estava grávida há dois dias, embora ainda não soubesse. Seu pai cometeria suicídio ao saber, e Roberta morreria no parto. O filho, de pai desconhecido, já nasceria morto. Mas isso tudo ainda estava no futuro, e no momento Roberta era apenas uma adolescente comum, e relativamente feliz.

Caminhando, André e Caetano conversavam. André pergunta:
"Meu, a Roberta te deu um fora?" Ao que o amigo responde:
"Sim, cara, por que ela fez isso comigo?"
"Tu tava sem calças quando foi falar com ela."
"Ah."
"Mas olha pelo lado bom, pelo menos -AH, UM URSO!"

Caetano olha para a frente, assustado. Um enorme urso se prostrava diante deles, no meio da estrada. Estava de pênis ereto. André lembra de uma dica que vira no programa do Bear Grylls: se fingir de morto. Os dois fazem isso. O urso se aproxima, cheira-os, e copula com Caetano. Ele chora baixinho enquanto o agressivo animal rasga-lhe o esfíncter. Depois, o urso prepara-se para fazer o mesmo com André, quando de repente surge uma camionete. O veículo para ao lado deles, e de dentro sai um homem barbudo de chapéu de palha. Ele é Valcir, tem 57 anos e é agricultor. Com uma espingarda, mata o urso. Depois oferece uma carona aos agradecidos rapazes.

No caminho vão conversando e se conhecendo melhor. André nota a maneira como o agricultor o olha, desejoso. Levam Caetano até sua casa, onde ele continua bebendo, visando morrer. Mas ele não tem tanta sorte. A vida é cruel, e as vezes nos deixa sobreviver. Acaba vivendo até os 74 anos, uma vida na qual uma ou outra viagem de férias são o mais próximo da felicidade que ele chega. Acaba tendo uma esposa, pela qual não é realmente apaixonado, mas tem certa empatia. Têm um casamento comum, um único filho, e vivem juntos até o final. Juntos, mas não necessariamente unidos; apenas empatia.

Mas, de volta ao presente, após deixarem Caetano em casa, Valcir e André se olham. A mão do agricultor está no joelho do rapaz, e os dois se beijam longamente. Valcir o convida para fugir com ele, convite que o jovem prontamente aceita. Vivem felizes por dez anos numa fazenda afastada, até que ambos morrem num incêndio que destrói a propriedade.

E, alheio a tudo isso está Celso, que também fora ao aniversário, e que esqueci de botar na história antes. Ele tem que estudar, mas fica escrevendo merda num blog horrível e pensando em mulher por tempo demais para seu próprio bem-estar. Resignado, volta a ouvir música, que isso sempre ajuda.